Wednesday, June 16, 2010

Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria (Cesma) 32 anos

Em 1978, o Brasil ainda respirava o ar sufocado da era de governos militares iniciada em 1964. O País vivia a “abertura lenta e gradual” de Ernesto Geisel enquanto a caserna articulava a continuidade de outro general no poder, no caso João Batista Figueiredo. Em 16 de junho de 1978, o então deputado santa-mariense Nelson Marchezan era confirmado na assessoria da campanha daquele que seria o último presidente militar. A notícia estampou a capa da edição de A Razão daquele dia já distante. Na mesma edição, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Derblay Galvão, recebia, em seu gabinete, a visita de formandos do Curso de Administração Escolar da Faculdade Imaculada Conceição, a FIC, que daria origem ao atual Centro Universitário Franciscano. Num ato de gentileza, o grupo fora convidar o reitor para a formatura que ocorreria dali a alguns dias.

Na Coluna Social, o badalado cabeleireiro Oy Pavão narrava, na condição de colunista interino, em pequenas notas o dia-a-dia (e também à noite) de colunáveis e beldades. As festas tinham lugar de destaque. Júlio Monteiro, outro colunista, também exibia moças bonitas, falava de festas, acontecimentos beneficentes e afins.
Na noite daquele mesmo 16 de junho de 1978, Arquimedes Brum, professor de Física do Maneco (Colégio Manoel Ribas), participava, na condição de convidado (ou olheiro), da assembleia de fundação da Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria (Cesma). A ousadia de um grupo de universitários da Federal não chegou a ser notícia na época. Ou ao menos não teve repercussão.

Todos os fatos até aqui descritos são verídicos, com exceção da presença de Arquimedes na fundação da Cesma. O professor de Física é o personagem fictício do romance Arquimedes, que será lançado, às 17h30 de hoje, na sede da Cesma (Professor Braga, 55), exatamente 32 anos após a criação da cooperativa. A obra coletiva foi escrita pelos escritores santa-marienses Athos Ronaldo Miralha da Cunha, Antônio Cândido de Azambuja Ribeiro (cronista de A Razão), Tânia Lopes, Raul Giovani Cezar Maxwell, Orlando Fonseca, Humberto Gabbi Zanatta, Aguinaldo Medici Severino e Pedro Brum Santos (cronista de A Razão) e narra um único dia, no caso de 16 de junho de 1978, de Arquimedes. O Jornal A Razão, aliás, é citado mais de uma vez no livro.

O romance é inspirado em Ulysses, obra do escritor irlandês James Joyce que narra as peripécias do personagem Leopold Blomm no dia 16 de junho de 1904. Os escritores santa-marienses resolveram homenagear Joyce com uma paródia e criaram Arquides (Editora Movimento, 102 páginas, à venda na Cesma). Na orelha, Athos Miralha explica que o grupo não teve a pretensão de plagiar ou “se igualar” a Joyce, mas sim homenageá-lo.
Bloomsday – O dia 16 de junho é considerado especial pelos aficcionados por James Joyce, em particular os que se encantaram com Ulysses, sua mais conhecida obra. Em várias partes do mundo a data vira uma festa literária.

Em Santa Maria, o Bloomsday começou a ser comemorado em 1994, numa iniciativa de Aguinaldo Medici Severino, professor de Física da UFSM. E hoje, com Arquimedes, os fãs de Joyce têm um motivo a mais para comemorar na Boca do Monte.




www.arazao.com.br/2010/06/15/o-que-voce-fez-em-16-de-junho-de-1978/

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